quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Um tapa da cara!

Um tapa na cara ao ler a revista REAÇÂO – Revista Nacional de Reabilitação. Com o subtítulo: Inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, familiares e profissionais do setor. Pra começar, no editorial, uma mensagem de otimismo enaltecendo os novos heróis nacionais, os atletas paraolímpicos (assim mesmo, com a letra o, por decreto da Dilma, graças a Deus). Quem não se emocionou ao assistir a uma competição paraolímpica? Em seguida, a revista traz uma série de reportagens de tirar o fôlego. A emoção toma a conta da gente: são tantos os exemplos de superação, tanta gente lutando por um mundo mais igualitário, e tanta gente batalhando pra simplesmente conseguir locomover-se ou aliviar as dores e enfermidades decorrentes do uso de cadeira de rodas! Um verdadeiro tapa na cara! Destaco a biografia de Bonnie Lewkowicz, uma bailarina estadounidense cadeirante que se especializou em turismo e viagens acessíveis. Recentemente participou de um espetáculo de dança e na revista há fotos tocantes. Quanto vontade de viver e de trabalhar, não é mesmo? Outro tapa na cara! A Universidade Federal de Pernambuco desenvolveu um aplicativo gratuito que traduz Português para Libras. O aplicativo reconhece a voz do usuário e traduz a fala para Libras. Outro fato que me emocionou: as pessoas dedicarem seu tempo, seu trabalho, pra desenvolver algo para beneficiar e facilitar (nesse caso, algo fundamental!) a vida de pessoas com deficiência. Mais um tapa na cara bem dado! O que eu tenho desenvolvido para o bem do próximo? Quanto de meu tempo tenho dedicado para criar algo que possa facilitar ou melhorar a vida dos outros? Por fim, um texto sobre voluntariado...e voluntariado na AACD. Aquela que ora ou outra vemos uma propaganda, achamos bonito e tal, mas quem vai lá ajudar? Tapas deveras. E lá estavam as publicidades pro público com deficiência. A modelo Renata Paiva, também deficiente, posa sentada sobre cadeira de rodas dobrável. Lisiane Siqueira, estudante de direito e cadeirante, atua em propaganda da Ortobras, empresa voltada para a acessibilidade. Com expressão feliz, Lisiane olha para o céu, sobre cadeira de rodas acima de deck imenso, cercado por árvores. Na paisagem figura sua frase: “Nada é por acaso. Se isso aconteceu, foi pra eu me tornar uma pessoa melhor. Foi pra mostrar que, quando a gente quer alguma coisa, consegue de qualquer jeito”. Em que mundo, nós, os aparentemente normais, pensamos viver? Nossa cultura hedonista, consumista, materialista, “não tem tempo” para os desprivilegiados, para os necessitados de toda ordem. É preciso que criemos uma cultura mais fraterna, que ampara e se dedica aos desprivilegiados. É esse novo modo de viver que dará sentido à nossa vida. Somente essa vida, a que se multiplica para os outros, que ampara, que assiste, que semeia, é a que realmente vale a pena ser vivida.