Uma notável
professora da Universidade de São Paulo disse em sua aula sobre educação
especial que um aluno com Síndrome de Ásperger NUNCA vai entender a linguagem com
sentido figurado. A notável doutora contou-nos que, quando estudante de ensino
fundamental, certa professora sentenciava diariamente que “as meninas daquela
região ou seriam putas ou ladras.”
Uma série de
psiquiatras do município de São Paulo diz continuamente para pais que o
Transtorno do Espectro Autista é irreversível e que suas crianças nunca terão
“vida social” normal. A medicina reconheceu publicamente que o autismo é
reversível.
Um grande
amigo meu consultou um psiquiatra especialista e foi diagnosticado com Transtorno
Obsessivo Compulsivo. Em seguida, começou a consultar-se com um terapeuta
especializado nesse transtorno. O terapeuta lhe disse que “ele é doente” e que,
certamente, não fez mestrado porque “não tem capacidade”. Disse-me meu amigo
que naquele momento entendeu porque o ódio é potência para grandes mudanças.
Abandonou o terapeuta e foi atrás do mestrado. Quer esfregar no nariz do
especialista a titulação. Eu sugeri que lhe convidasse para a defesa da
dissertação, somente. Já seria um prato frio.
Tive um aluno
com Síndrome de Duchen. O médico lhe deu um ano de vida. Passado um ano, como o
menino não bateu as botas, o médico lhe deu mais 9 meses. Passados os nove
meses ainda estava vivo, então o médico disse que “do ano que vem não
passaria”. Nesse ínterim saí da escola. Não ouvi comentário do falecimento do
menino até hoje.
Tivemos uma
gatinha chamada Mika. Mamãe, por descuido, esmagou a cabecinha da coitada.
Levamos à veterinária. A médica disse: quer sacrificar ou vai querer comprar
remédio caro e fazer exame caro? Nós dissemos: deixe ela com
a gente. A gatinha viveu mais quatro anos.
Os exemplos
acima, e inumeráveis que todos nos deparamos cotidianamente nos trazem um fato:
alguns médicos e educadores, além de titulação de especialistas mega-ultra
também querem alcançar o título de adivinhos e de profetas.
Todo respeito
à medicina e à ciência. Repito, respeito à ciência.
Dirão que há
dados. Que há probabilidades. Dirão que estudos há, inumeráveis, atestando tal
ou qual estado, possibilidade de tal e tal desenvolvimento da enfermidade,
transtorno, síndrome, o que seja.
Respondo que
sim, que estão certos. Repondo que probabilidade não é verdade. Possibilidade
não é certeza. Estudo do passado, de casos do passado não pode ser profecia do
futuro, atestado de óbito para o presente. Responder-me-ão que cada caso é um
caso, mas...
Quer matar um
pai no presente é dizer que seu filho NUNCA vai ler, NUNCA vai caminhar, NUNCA
vai melhorar, NUNCA vai avançar, NUNCA vai ter vida “normal”.
Ninguém, nem o
Papa, nem Pai de Santo, nem médico de Sorbone consegue prever a vida de um ser
vivo! E não tem o direito de usar sua posição de poder para predizer o futuro.
O que é, no mínimo, ridículo.
Dito isso,
profissionais da saúde e da educação, cuidado com as sentenças mortais,
pronunciadas com o desdém da arrogância. Aquelas que não levarem suas vítimas a
óbito imediato, poderão recebê-las num futuro não muito distante,
convidando-lhes para uma defesa de dissertação.
Rodrigo da Rosa, novembro de 2014
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