O
alto índice de fracasso escolar no Brasil deve-se a muitos fatores. A escola
anacrônica, os problemas sociais, a apressada massificação da educação e a
insubstancial formação dos educadores apresentam-se como questões de relevância
incontestável.
É
evidente que a escola atual não é atrativa para os alunos. Talvez nunca tenha
sido, mas é evidente que a sociedade disciplinar caiu e tomou seu lugar a
sociedade líquida. Não há como disciplinar os corpos. Não há mais espaço para
isso. E, devido à publicidade focada no público jovem, eles se sentem
empoderados, sua subjetividade é forjada com fantasias de consumo e poder. O
antigo mestre, rígido e severo, a antiga escola, disciplinar e autoritária, são
desconstruídos facilmente pelo desdém juvenil e pela fragilidade dos papéis
hierárquicos.
Por outro lado, a escola pública
torna-se a grande acolhedora das classes sociais menos privilegiadas. Havendo
nessa classe, supostamente, maior probabilidade de situação de risco e carência
de serviços básicos como saneamento, saúde, nutrição e lazer.
Também acrescente-se que no Brasil a
massificação da educação ocorre muito tarde, entre 1980 e 1990, processo ainda
incompleto hoje. Assim, uma grande massa populacional, sem “cultura escolar”,
passa a ser disciplinada nas escolas públicas. Processo que parece ser mais
tortuoso devido a essa ausência de “cultura estudantil” nas famílias.
Os profissionais da educação, por
sua parte, atuantes nas escolas públicas, são, em grande parte, formados em
instituições ainda com fragilidade acadêmica. Com uma formação frágil, torna-se
mais difícil sanar todas as dificuldades acima listadas.
Dito isso, muitas são as causas do
fracasso escolar no Brasil. Encontrar uma solução médica parece ser um caminho
mais seguro do que enfrentar todas as questões postas acima, as quais necessitariam
de décadas para serem superadas. Acrescente-se que o médico não perdeu o
prestígio que o professor nem mesmo viu passar. Assim, se o doutor disse, está
dito, não há com o que se preocupar.
Refiro-me aos Distúrbios de aprendizagem ou aos Transtornos de aprendizagem, tão em voga atualmente. A professora Cecília Azevedo Lima Collares questiona se, ao invés de problemas de aprendizagem, esses alunos não teriam sofrido problemas de ensinagem?
i Rô,
ResponderExcluirMuito interessante.
Na verdade parece impossível resolver a questão frente a montanha de obstáculos que vislumbramos, mas se houver a boa vontade e o empenho de seguir passo a passo, com certeza podemos ter melhora muito significativa.
Bj
Márcia