segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A PATOLOGIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

    O alto índice de fracasso escolar no Brasil deve-se a muitos fatores. A escola anacrônica, os problemas sociais, a apressada massificação da educação e a insubstancial formação dos educadores apresentam-se como questões de relevância incontestável.  
É evidente que a escola atual não é atrativa para os alunos. Talvez nunca tenha sido, mas é evidente que a sociedade disciplinar caiu e tomou seu lugar a sociedade líquida. Não há como disciplinar os corpos. Não há mais espaço para isso. E, devido à publicidade focada no público jovem, eles se sentem empoderados, sua subjetividade é forjada com fantasias de consumo e poder. O antigo mestre, rígido e severo, a antiga escola, disciplinar e autoritária, são desconstruídos facilmente pelo desdém juvenil e pela fragilidade dos papéis hierárquicos.
       Por outro lado, a escola pública torna-se a grande acolhedora das classes sociais menos privilegiadas. Havendo nessa classe, supostamente, maior probabilidade de situação de risco e carência de serviços básicos como saneamento, saúde, nutrição e lazer.
     Também acrescente-se que no Brasil a massificação da educação ocorre muito tarde, entre 1980 e 1990, processo ainda incompleto hoje. Assim, uma grande massa populacional, sem “cultura escolar”, passa a ser disciplinada nas escolas públicas. Processo que parece ser mais tortuoso devido a essa ausência de “cultura estudantil” nas famílias.
        Os profissionais da educação, por sua parte, atuantes nas escolas públicas, são, em grande parte, formados em instituições ainda com fragilidade acadêmica. Com uma formação frágil, torna-se mais difícil sanar todas as dificuldades acima listadas.

           Dito isso, muitas são as causas do fracasso escolar no Brasil. Encontrar uma solução médica parece ser um caminho mais seguro do que enfrentar todas as questões postas acima, as quais necessitariam de décadas para serem superadas. Acrescente-se que o médico não perdeu o prestígio que o professor nem mesmo viu passar. Assim, se o doutor disse, está dito, não há com o que se preocupar.
        Refiro-me aos Distúrbios de aprendizagem ou aos Transtornos de aprendizagem, tão em voga atualmente. A professora Cecília Azevedo Lima Collares questiona se, ao invés de problemas de aprendizagem, esses alunos não teriam sofrido problemas de ensinagem?

Um comentário:

  1. i Rô,



    Muito interessante.



    Na verdade parece impossível resolver a questão frente a montanha de obstáculos que vislumbramos, mas se houver a boa vontade e o empenho de seguir passo a passo, com certeza podemos ter melhora muito significativa.



    Bj



    Márcia

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