terça-feira, 24 de maio de 2011

MIL RUMIS, de Munish, preconiza uma nova era

A peça “Mil Rumis”, de Munish ( Indac, 2010)



A peça mil Rumis preconiza a filosofia e o pensamento transformadores; ao contrário do que ocorre com a arte contemporânea, inspirada pela Academia, que enumera um conhecimento doentio.

Diante de tanto palavrório, como escutar a silenciosa voz interior?


A poesia, a arte teatral, a sonoplastia, enfim, toda estética, são belas; mas quando elas se curvam ao sagrado, sua beleza multiplica-se infinitamente. Mil Rumis não se trata de um espetáculo em que a estética é a principal preocupação. Sua principal preocupação é o humano, sintetizado pela palavra amor. Amor é o Uno, o sentimento de que sou um com o outro. O Amado está dentro de cada um e é o amor Universal.


Muito ousado o Sr. Munish, professor da disciplina Corpo do INDAC (Estudei lá, mas não sei o que vem a ser esta sigla! – bem, é um curso técnico para atores). Maravilhosamente ousado para nosso tempo, pois preconiza uma nova era: a era do amor, da paz interior e do auto-conhecimento.


As mãos. Elas são as protagonistas. Pois são elas que trabalham, que constroem e também se sabe que as mãos transmitem toda a energia do ser. A voz e os olhos, minto, são as verdadeiras protagonistas – ou seriam as mãos? Prefiro crer que formam uma perfeita tríade de expressão: afinadas, perspicazes, precisas.


O espetáculo trata de conhecimento transcendental. Não é apenas um conhecimento que transcende o que podem captar os sentidos, sendo, sobretudo, um conhecimento transformador. Há uma forma de conhecimento que possibilita um grande desenvolvimento do ser a partir de seu centro vital, de seu coração, do seu Amado. Quando este centro é acessado e quando o eu (o ego) passa a tornar-se uno com ele, transformamo-nos em um centro de luz que se desenvolve infinitamente.


Em Sampa há um novo grupo nascendo, uma escola artística criando-se. Não mais a arte que retifica a Academia, que se afina aos homens de poder, homme de lettre, como escreveu Foucault, mas a arte em favor da vida como um todo.

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